No Princípio Deus

 

Um cientista famoso (alguns dizem que foi Bertrand Russell), certa vez, fez um discurso público sobre astronomia. Ele descreveu como a terra orbita ao redor do sol e como o sol, por sua vez, orbita ao redor de uma vasta coleção de estrelas conhecidas como a nossa galáxia.

Gordon Bietz

Introdução

Um cientista famoso (alguns dizem que foi Bertrand Russell), certa vez, fez um discurso público sobre astronomia. Ele descreveu como a terra orbita ao redor do sol e como o sol, por sua vez, orbita ao redor de uma vasta coleção de estrelas conhecidas como a nossa galáxia. No final do discurso, uma velhinha, sentada no fundo da sala se levantou e disse:

– O que você acabou de dizer é tolice. O mundo, na verdade, é um prato raso apoiado em cima de uma tartaruga gigante.

O cientista deu um sorriso arrogante antes de replicar:

– E onde a tartaruga está se apoiando?

– Você é muito esperto, meu jovem, muito esperto! – disse a velhinha, – Tem uma tartaruga embaixo da outra, até lá em baixo!

Existe uma infinidade de idéias sobre o porquê e como estamos aqui na terra. Idéias que vão de “tartaruga até lá em baixo” à criação de Deus. A história das tartarugas foi tirada do livro “A Brief History of Time” (Uma Pequena História do Tempo) escrito alguns anos atrás por Steven Hawking, o famoso físico teórico. Era uma descrição popularizada de algumas das implicações da mecânica quantum.

Na introdução do livro, Carl Sagan diz: “Este também é um livro sobre Deus… ou talvez sobre a ausência de Deus. A palavra Deus preenche estas páginas. Hawking está tentando, como declara explicitamente, compreender a mente de Deus.

As pessoas que estão explorando a existência de Deus não são apenas filósofos e teólogos, mas também cientistas. Ao repelirem as extremidades do Universo físico, chocam-se com a questão das origens.

No capítulo final do livro, Steven Hawkins repete a questão: “Nos encontramos em um mundo desorientador. Queremos fazer sentido do que vemos ao nosso redor e perguntar: Qual é a natureza do Universo? Qual é o nosso lugar nele e de onde viemos? Por que ele é do jeito que é?” p. 171

Teorias científicas como o big bang são tentativas de responder à pergunta das origens. De onde viemos? Todo aquele que tem um senso de identidade pessoal confronta a pergunta: “De onde vim?” E as conclusões alcançadas cobrem o espectro da cegonha a Deus.

A pergunta das origens é feita por criancinhas: “De onde vim, mamãe?” Dando então oportunidade para a conversa dos “passarinhos e abelhas” ou se você não estiver disposto “a conversa da cegonha”.

A pergunta “quem sou eu” e “de onde vim” tem sido feita pela humanidade desde o começo da história registrada. E muitas vozes hoje, buscam responder a essa pergunta. De Shirly McLaine, ao Mormonism, à evolução natural, à reencarnação.

A maioria das vezes que visita um parque estadual, museu, ou exposição de evidência arqueológica você é confrontado com esta questão, ao ler:

“Um milhão de anos atrás”

“Dez milhões de anos atrás”

“Quinhentos mil anos atrás”

A Criação

Uma das crenças fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Como abordamos a este assunto? De muitas maneiras.

1. Posso ridicularizar qualquer pessoa que acredita que veio do macaco.

Temos a tendência de ridicularizar aquilo que não somos capazes de racionalmente argumentar contra. Se você não pode responder aos argumentos, então os exponha ao ridículo.

O juiz da suprema corte americana, William R. Overton, que declarou que a lei do criacionismo de Arkansas era inconstitucional recebeu ameaças de morte e muitas cartas, uma das quais incluía a figura de um macaco, com o comentário: “pode pendurá-la em seu escritório e mostrar a todos quão orgulhoso você é dos seus familiares.”

Não é uma abordagem muito produtiva. Não leva as pessoas ou suas idéias a sério. Reflete uma pessoa que tem muito medo do que acredita.

2. Posso procurar lhe dar todo o argumento científico que encontrar para acreditar na criação.

Ex. 2a lei da termodinâmica:

– As coisas tendem à desordem em vez de ordem. (Nossa esposa pode testemunhar sobre isto).

Talvez seja uma abordagem útil, mas, na verdade não sou a pessoa qualificada para isto.

3. Posso revisar toda informação bíblica que apresenta Deus como criador. Com certeza tenho mais experiência para fazer esta apresentação.

Deus é apresentado como Criador de Gênesis ao Apocalipse. Tenho certeza que seria interessante, mas não nos ajudaria a confrontar a questão do evolucionismo.

4. Poderia relacionar problemas encontrados na teoria da evolução.

Ex.: Elos perdidos, geração espontânea, ou até mesmo matéria da não matéria, desenvolvimento de animais de sangue frio vs. Quente.

É bom ver falhas nos argumentos da oposição, mas poderia fazer com que alguns se sentissem indevidamente convencidos.

Alguns de vocês podem estar pensando que se continuar neste passo vou preencher todo o tempo do sermão falando para vocês o que não vou fazer.

Considerando que eu não sou um professor de ciências, o que prefiro fazer é:

1.       Conversar resumidamente sobre a história da ciência e religião e como se relacionam uma com a outra.

2.       Considerar o ensino da criação como uma doutrina de fé.

História

No início da história da civilização qualquer coisa não compreendida era atribuída à intervenção milagrosa de Deus ou uma força vital misteriosa atribuída a Deus. Tudo era um milagre.

O homem através de observação e experimento começou a questionar. William Harvey descobriu que o sangue circulava pelo corpo como resultado de contração muscular e foi uma grande explosão, para alguns, corroendo o poder de Deus.

A química ficou conhecida como uma das “sete artes diabólicas”, porque estava explicando a razão, a causa das coisas e então, Deus não era a causa. As pessoas eram chamadas de infiéis e ateístas quando explicavam as coisas por leis naturais.

Quando Roger Bacon, no século 13, explicou o arco-íres como resultado da refração da luz, foi condenado “por causa de certas inovações suspeitas”. Logicamente, o arco-íres era um sinal de Deus e não poderia, portanto resultar de uma lei natural.

Havia oposição quanto a colocar ….. porque estaria “tentando controlar a artilharia do céu”.

E quando Copernicus sugeriu a rotação da terra e o fato de que o sol não era o centro do Universo, o Papa Paulo V decretou que “a doutrina do movimento duplo da terra ao redor de seu eixo e ao redor do sol é falsa, e completamente contrária às Sagradas Escrituras”.

Você pode perguntar: qual texto bíblico?

Salmo 93:1 diz: “Firmou o mundo, que não vacila.”

A religião tem frequentemente caído na armadilha de afirmar mais do que a Bíblia requer.

Ex:. A terra é o centro do universo.

A Bíblia não exige esta crença. Podemos cair na mesma armadilha hoje. No início dos anos 60, alguns diziam “com autoridade bíblica” que o homem nunca chegaria à lua.

Não precisamos dizer que Adão foi criado às 9:00 AM no dia 23 de outubro de 4004 BC, como o arcebispo Usher. A Bíblia não exige isto, ou que a terra tem exatamente 6,000 anos. A Bíblia também não exige a fixidade de espécies.

Uma das razões pela qual Darwin expandiu a idéia da evolução foi porque a igreja na época tomou textos bíblicos para explicar que as espécies eram fixas. Basearam-se na declaração de Gênesis “à Sua imagem”. Darwin entrou no campo e simplesmente descobriu que não era verdade.

Devemos ser cuidadosos para não fazer a Bíblia dizer mais do que realmente diz. A Bíblia não um pedaço de literatura científica. Isto não significa que o que ela diz não é compatível com a verdadeira ciência, mas significa que não devemos exigir demais de um livro que foi escrito em uma era diferente em um idioma diferente.

A mensagem que obtemos da Bíblia não é primariamente científica, mas salvífica. Seu foco está na história da salvação.

Ciência como uma Religião

Para alguns hoje, a ciência está se tornando uma religião alternativa, um tipo de ciência humanística como um deus. A ciência dá ao homem o sentimento onipotente de ele que pode fazer qualquer coisa.

Ex: Voei para lua ontem, voarei para Marte amanhã.

A ciência genética dá o poder semelhante ao divino de produzir geneticamente alimentos projetados ajustados aos genes humanos para prevenir doenças. As múltiplas bênçãos da ciência não estão em nossos lares e escritórios.

Há uma tendência natural de dar crédito ou crença a aquilo que de modo dramático melhorou a nossa vida. Então como podemos viver como um povo de fé em um mundo científico?

A questão das origens realmente requer fé, tanto na ciência como na teologia.

O fato é, ninguém de nós estava por aqui quando tudo começou.

Quer nossas explicações sejam um lixo espacial ou uma tartaruga gigante, um big bang, um Deus criador, ou uma teoria das cordas cósmicas (superstring), todas as idéias que possamos ter não são apoiadas por evidência observacional, nem o evento pode ser duplicado em um laboratório.

A única maneira de saber o que aconteceu é pela fé. Fé tanto na teoria da tartaruga, na teoria da evolução natural, na teoria do Deus criador, o seja lá o que for. De um ou outro modo vamos pela fé.

E quanto à matemática? Não existe fé nela!

Como John Polkinhourne diz em seu livro sobre a discussão de alguns dos teoremas de Godel, “Mesmo o exercício da matemática envolve um ato de fé”. P. 25. Então eu escolho aceitar pela fé o relato da criação que lemos na Bíblia.

Salmos 33:6: “Mediante a palavra do Senhor foram feitos os céus.” (NVI)

Isto não quer dizer que serei cego ao que acontece no mundo da ciência, quer dizer, porém, que não vou me assentar em alfinetes e agulhas esperando para ver que impacto um laboratório descobrirá que terá sobre a minha fé em Deus.Eu me sinto desconfortável em basear minha fé em Deus como Criador em recentes argumentos científicos desenvolvidos pela Geociência, Pesquisa da Criação ou qualquer corpo científico.

Isto não quer dizer que pesquisas cuidadosas feitas por cientistas cristãos sobre evidências da criação não sejam úteis, mas quer dizer que não estou pronto a fazer com que minha fé em um Deus Criador dependa do que eles descobrem.

Vou me colocar agora em uma posição vulnerável.

O que a ciência pode descobrir que poderia destruir a minha fé em um Deus Criador. Nada!

Se eles criassem um pessoa em um tubo de ensaio e descobrissem o mecanismo para dar vida de matéria inorgânica ainda assim não provaria que o homem não foi criado por um Deus de amor. Na verdade, se uma pessoa fosse criada em um tubo de ensaio, estaria mais ou menos demonstrando um dos possíveis meios pelos quais Deus criou o homem originalmente. Não vou provar a minha fé em Deus em um laboratório.

Posso olhar para outra pessoa e ver:

Um acúmulo de átomos,

Um sistema bioquímico em interação com o meio-ambiente,

Um espécime de homo sapiens,

Um objeto de beleza,

Um irmão,

Alguém por quem Cristo morreu.

É uma pessoa completa e olho a aquela pessoa de maneira diferente em diferentes momentos.

Não podemos ser como Michael Faraday, o grande físico experimentalista do século 19. Ele era um cristão comprometido e nos é dito que quando entrava em seu laboratório, esquecia a sua religião e quando novamente saia, esquecia a sua ciência.

Não podemos separar os dois mundos da ciência e da fé. Vivemos em um mundo e a ciência e a teologia exploram diferentes aspectos dele. Existe uma realidade além das ferramentas do método científico.

Efésios 6:12 “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados

e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do

mal, nas regiões celestes.” (RA)

Muito mais acontece no Universo do que pode ser colocado em um tubo de ensaio ou sob um microscópio. É como tentar compreender: Um mundo tridimensional quando você vive em um mundo dimensional, ou um mundo dimensional quando você vive em um mundo tridimensional.

Existem coisas que não podem ser explicadas por métodos científicos: Amor, beleza e moralidade – senso do que é certo e errado.

A fé não um passo no escuro, mas um passo na luz. É uma maneira de conhecer as coisas que não podem ser conhecidas através de uma experiência em um tubo de ensaio.

 

Conclusão

Você já ouviu a expressão, “Bem, você os compreenderia se soubesse de onde vieram”.

É um modo de explicar o comportamento de algumas pessoas. Está sugerindo que se você entendesse o passado deles, não seria tão rápido em julgar seu comportamento. Saber de onde você veio tem muito que ver com o modo como você se enxerga. Nada é mais importante para o senso de identidade de uma pessoa como seu senso de origem, sua família.

Quando você se conhece alguém, você normalmente pergunta de onde ele vem para ter uma noção de quem são. O lugar de onde vim tem muito que ver com quem eu sou. A doutrina da Criação é um ensinamento que me diz quem eu sou.

Certo dia, perguntei à minha filha:

– Quem é você?

– Julie, – ela disse.

– Mas quem é a Julie? – eu importunei.

– Eu, – ela disse um pouco confusa.

– Quem é você?

– Julie, – ela disse. E à medida que eu continuei a pressioná-la ela finalmente disse irritada:

– Eu sou sua filha!

Esta é quem ela é – ela é minha filha. É lá que ela encontra a sua identidade.

A doutrina da criação nos provê a nossa identidade máxima, pois encontramos nossa mais profunda herança em nossa crença em um Deus Criador.

Criado à imagem de Deus.

Quem sou eu?

Um filho de Deus.

Bênção

“Ao Rei eterno, o Deus único, imortal e invisível, sejam honra e glória para todo o sempre. Amém” (1 Timóteo 1:17, NVI).