Alegria eterna
“Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro,
para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas”
(Apocalipse 22:14).
Diante da multidão de resgatados está a santa cidade. Jesus abre amplamente as portas de pérolas, e as nações que observaram a verdade, entram. Ali contemplam o Paraíso de Deus, o lar de Adão em sua inocência. Então aquela voz, mais harmoniosa do que qualquer música que tenha soado já aos ouvidos mortais, é ouvida a dizer: “Vosso conflito está terminado.” “Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.”
Ao serem os resgatados recebidos na cidade de Deus, ecoa nos ares um exultante clamor de adoração. Os dois Adões estão prestes a encontrar-se. O Filho de Deus Se acha em pé, com os braços estendidos para receber o pai de nossa raça – o ser que Ele criou e que pecou contra o seu Criador, e por cujo pecado os sinais da crucifixão aparecem no corpo do Salvador. Ao divisar Adão os sinais dos cruéis cravos, ele não cai ao peito de seu Senhor, mas lança-se em humilhação a Seus pés, exclamando: “Digno é o Cordeiro, que foi morto” (Apocalipse 5:12). Com ternura o Salvador o levanta, convidando-o a contemplar de novo o lar edênico do qual, havia tanto, fora exilado.
Em arrebatamento de alegria, contempla as árvores que já foram o seu deleite – as mesmas árvores cujo fruto ele próprio colhera nos dias de sua inocência e alegria. Vê as videiras que sua própria mão tratara, as mesmas flores que com tanto prazer cuidara. Seu espírito capta a realidade daquela cena; ele compreende que isso é na verdade o Éden restaurado, mais lindo agora do que quando fora dele banido. Olha em redor de si e contempla uma multidão de sua família resgatada, no Paraíso de Deus.1
Então os que guardaram os mandamentos de Deus respirarão com um vigor imortal, por sob a árvore da vida (Apocalipse 2:7; 21:1; 22:14); e, através de infindáveis séculos, os habitantes dos mundos que não pecaram contemplarão no jardim de delícias um modelo da obra perfeita da criação de Deus, livre da maldição do pecado – modelo do que teria sido a Terra inteira se tão-somente o homem houvesse cumprido o plano glorioso do Criador.2
A cruz de Cristo será a ciência e cântico dos remidos por toda a eternidade. No Cristo glorificado eles contemplarão o Cristo crucificado.
O mistério da cruz explica todos os outros mistérios. À luz que emana do Calvário, os atributos de Deus que nos encheram de temor e pavor, aparecem belos e atraentes. Misericórdia, ternura e amor paternal são vistos a confundir-se com santidade, justiça e poder. Enquanto contemplamos a majestade de Seu trono, alto e sublime, vemos Seu caráter em suas manifestações de misericórdia, e compreendemos, como nunca dantes, a significação daquele título enternecedor: “Pai nosso”.3
O grande plano da redenção tem como resultado trazer de novo o mundo ao favor de Deus, de uma maneira completa. Tudo que se perdera pelo pecado é restaurado. Não somente o homem é redimido, mas também a Terra, a fim de ser a eterna habitação dos obedientes. Durante seis mil anos Satanás tem lutado para manter posse da Terra. Agora se cumpre o propósito original de Deus ao criá-la.4
Foi revelado que a lei de Deus permaneceria firme para sempre, e existiria na nova Terra por toda a eternidade. Na criação, quando foram firmados os fundamentos da Terra, os filhos de Deus olhavam com admiração para a obra do Criador, e todo o exército celestial aclamava de alegria. Então foi que se lançara o fundamento do sábado. No fim dos seis dias da criação, Deus repousou no sétimo dia de toda a obra que fizera; e abençoou o sétimo dia e o santificou, porque nele repousara de toda a Sua obra. O sábado foi instituído no Éden, antes da queda, e foi observado por Adão e Eva e todo o exército celestial. Deus repousou no sétimo dia, e o abençoou e santificou. O sábado nunca será anulado; antes, por toda a eternidade, os santos remidos e todo o exército celestial o observarão em honra ao grande Criador.5
“Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de Mim, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E será que, de uma festa da lua nova à outra e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante Mim, diz o Senhor” (Isaías 66:22 e 23).
Referências:
1. O Grande Conflito, págs. 646-648.
2. Patriarcas e Profetas, pág. 62.
3. O Grande Conflito, págs. 651 e 652.
4. Patriarcas e Profetas, pág. 342.
5. Primeiros Escritos, pág. 217.