A Natureza e o Poder de Deus
TEXTO BÍBLICO: Salmos 19:1-6
INTRODUÇÃO
A Imensidão do Universo
Carl Sagan escreveu um livro intitulado Contato e Hollywood produziu um filme sobre ele. O primeiro minuto do filme parece ser a visão de dentro de um satélite à medida que se afasta mais e mais da terra… para além da lua, do sol, dos planetas, do sistema solar, da estrela mais próxima, das estrelas que podemos a olho nu, da Galáxia “Via Láctea”, além das galáxias mais próximas e fora para o extremo do Universo. Para colocar as distâncias em perspectiva, penso no lugar mais longe de minha casa que já fui.
- Índia – Demora 18 horas de avião daqui à Índia, viajando a 1000 Km/hr. Para mim pareceu um longo caminho, e para a minha esposa também.
- Lua – No entanto, quando assisti ao filme “Apolo 13”, notei que demorou de 3 a 4 dias, provavelmente a uma velocidade de aproximadamente 5000 Km/hr para viajar da lua a terra, à 400.000 km de distância. É um longo caminho, mas não tão longo porque leva pouco mais de um segundo para a luz percorrer essa distância à 300.000km por segundo.
- Sol – Nessa incrível velocidade ainda assim leva 8 minutos para a luz viajar daqui para o sol a 150 milhões de quilômetros de distância.
- Sistema Solar – A distância mais longa que um satélite artificial já viajou foi para a extremidade do sistema solar, a vários bilhões de quilômetros da terra. O Voyager, espaçonave lançada em 1977 encontrou Netuno em 1989. Havia viajado mais de 12 anos a uma velocidade de aproximadamente 40.000 Km/hr. Estava tão longe que demorou 4 horas para o sinal de rádio (viajando na mesma velocidade que a luz visível) ser enviado de volta a terra. Mas lá ainda é parte do sistema solar.
- Estrelas – A estrela mais próxima (Alfa Centauro) está 10.000 vezes mais distante: ou seja, cerca de 40 trilhões de quilômetros. Para esse tipo de distância é mais fácil simplesmente dizer quanto tempo levaria para a luz percorrer essa distância, o que neste caso seria cerca de 4 anos. Para qualquer uma das estrelas mais próximas que podemos ver a olho nu, a luz viaja por até várias centenas de anos.
- “Via Láctea” – Mas essas estrelas são apenas uma parte da via Láctea que se estende a uma distância tão grande que demora 100.000 anos luz para viajar das estrelas em sua extremidade até nós.
- Galáxias – Além da nossa própria galáxia existem miríades de outras galáxias. O objeto mais distante visível a olho nu é uma dessas galáxias, chamada de Andrômeda, que está a 2 milhões de anos luz. No entanto, o Telescópio Espacial Hubble, está olhando a objetos que estão a mais de 1000 vezes a distância da galáxia Andrômeda. Em quilômetros significa cerca de um trilhão de trilhões de quilômetros de distância, ou o número 1 com 24 zeros na frente dele.
Ao pensar sobre essas imensas distâncias, fico admirado ao ler a descrição de Deus no capítulo 40 do livro de Isaías (v. 26):
“Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama pelo nome; por ser ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar.”
Velocidade de Viagem
Como Deus consegue manter-se informado sobre este vasto Universo? Não faço a mínima idéia.
- O Desejado de Todas as Nações (p. 356) – “Por meios que não nos é dado discernir, acha-Se Ele em ativa comunicação com todas as partes de Seu domínio.”
- Daniel – Os anjos devem ser capazes de viajar muito rápido. Em Daniel 9, o anjo foi aparentemente capaz de voar do Céu até Daniel em cerca de 3 minutos. É uma velocidade mais rápida do que a luz, pois leva 8 minutos para a luz chegar do sol até nós.
Menor Átomo
As coisas grandiosas não são a única área que Deus controla.
- Cabelo – Ele diz que até mesmo os fios de cabelo da nossa cabeça são contados.
- Células – O fio de cabelo não é muito grosso, mas até 100 células humanas podem ser alinhadas através de sua espessura.
- Vírus – Essas células humanas são bem pequenas, mas poderiam facilmente acomodar centenas de vírus dentro delas.
- Átomos – Estes simples vírus são compostos de até 1000 átomos.
- Prótons – E até mesmo o átomo é muito maior do que os prótons dentro dele, considerando que um átomo é quase que completamente um espaço vazio. Se o próton dentro do átomo fosse aumentado à proporção de uma bola de basquete, o tamanho do átomo seria aproximadamente o tamanho da área da cidade de Delhi.
- Gota d’Água – Vários anos atrás, meu pai leu que havia mais moléculas de água em uma gota d’água do que pessoas na terra. Ele me perguntou se aquilo poderia ser verdade. Depois de alguns cálculos disse a Ele que não era verdade, mas que havia mais moléculas de água em uma gota d’água do que os fios de cabelo da cabeça de todas as pessoas da terra, e muito mais. Deus mantém-se informado sobre os fios de cabelo, mas todas essas moléculas e átomos também estão sob Seu controle.
- Poder Atômico – Dentro desses átomos existe poder que apenas começaram a ser penetrados em nosso século. Esses átomos não têm muita massa, mas se multiplicarmos essa pequena massa pelo grande valor para a velocidade da luz e então pela velocidade da luz novamente, conseguimos a quantia de energia embrulhada nestes pequenos pacotes. Isto foi tirado da famosa equação de Einstein, E=m.c2. Uma pequena quantidade de energia é liberada quando uma bomba atômica ou bomba de hidrogênio é disparada.
A BÍBLIA FALA SOBRE DEUS NA NATUREZA
Maravilhas da natureza como essas, me lembram de vários textos bíblicos que falam da grandeza de Deus:
“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR” (Is 55:8).
“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Co 2:9).
“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis” (Rm 1:20)
Outro lugar que fala sobre as maravilhas da criação é o livro de Jó. Depois de todo o mistério pelo qual Jó passou, Deus explicou tudo? NÃO! Em vez disso, Deus fez a Jó perguntas sobre a natureza. Deus mostrou a Jó que Ele estava no controle de tudo:
38:1-3: “Depois disto, o SENHOR, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber.”
12 Acaso, desde que começaram os teus dias, deste ordem à madrugada ou fizeste a alva saber o seu lugar,
16 Acaso, entraste nos mananciais do mar ou percorreste o mais profundo do abismo?
25 Quem abriu regos para o aguaceiro ou caminho para os relâmpagos dos trovões;
31 Ou poderás tu atar as cadeias do Sete-estrelo ou soltar os laços do Órion? (32) Ou fazer aparecer os signos do Zodíaco ou guiar a Ursa com seus filhos?
40:1 Disse mais o SENHOR a Jó: (2) Acaso, quem usa de censuras contenderá com o Todo-Poderoso? Quem assim argúi a Deus que responda. (3) Então, Jó respondeu ao SENHOR e disse: (4) Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca. (5) Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei.
40 Hipopótamo (beemonte)
41 Crocodilo (leviatã)
42:1 Então, respondeu Jó ao SENHOR: (2) Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. (3) Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. (4) Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. (5) Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem.
UMA IMAGEM MUITO PEQUENA DE DEUS
Acredito que a nossa imagem de Deus é muito pequena.
Você se lembra dos saduceus que vieram a Jesus com a pergunta sobre a mulher que casou com 7 irmãos, e cada um deles morreu, um após outro. Os saduceus não acreditavam na ressurreição, e pensavam que aquela seria uma boa oportunidade de mostrar quão difícil é acreditar na ressurreição. A resposta de Jesus foi simples: (Mt 22:29).
“Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.”
Quando criança, eu me lembro que precisava decorar os 10 mandamentos. Acho que era para os desbravadores – uma das classes progressivas. Eu desejava que não fossem tão longos, e me questionava porque havia necessidade do primeiro e do segundo mandamento. Para mim eles pareciam dizer a mesma coisa: Não adore ídolos. Teria sido mais fácil decorar se Deus tivesse apenas dito isto e deixado como um mandamento.
No entanto, depois disso percebi a importância do segundo mandamento ser separado do primeiro. O primeiro mandamento fala para não adorarmos outros deuses além do Deus verdadeiro. O segundo mandamento vai além e diz para sermos cuidadosos para não adoramos representações humanas do Deus verdadeiro. Nos dias de Israel, essas representações eram ídolos. O povo do Antigo Testamento queria algo que pudessem ver como um símbolo de Deus. Esse símbolo, no entanto, rebaixaria seu conceito do verdadeiro Deus. Seria fácil passar a crer que o Deus verdadeiro não era mais que suas representações dEle. Deus disse a eles que não haviam Lhe visto no Monte, então não deviam fazer uma representação dEle. (Dt 4:15-19).
Em nossos dias, também temos nossas representações dEle, limitadas imagens ou idéias sobre Ele, que estão em nossa mente.
J. B. Phillips fala sobre isto em no livro: Seu Deus é Pequeno Demais (1961).
No livro ele dá vários exemplos de como o ser humano tem uma imagem muito limitada de Deus:
Policial Residente – mas Deus é muito mais do que nossa consciência
Remanescência Paterna – mas Ele não é apenas uma versão grande no nosso pai
Peitilho Celestial – mas Deus é muito mais que um cobertor de segurança
Deus em uma caixa – mas Deus é muito mais do que o que cabe na crença de uma igreja
Um Grande Velho – um dos meus favoritos, que diz o seguinte:
Já que Deus existia na época do AT e até mesmo antes, Ele deve ser muito velho. Um velhinho bondoso, mas não muito atualizado. Ele compreendia como os fazendeiros do AT pensavam, mas não nos compreenderia muito bem hoje em dia. Você já imaginou Jesus sentado trabalhando em um computador? Ele saberia como pilotar um avião? Com certeza teria problemas para conduzir uma planta nuclear. Ele seria enganado por todos os efeitos especais das produções de vídeo hoje em dia. Seria ele capaz de compreender a comunicação moderna por FAX, Internet… Sua reação inicial é: isso é muita tecnologia para Deus, mas depois você percebe que obviamente Ele sabe tudo sobre tudo.
Portanto, realmente fazemos uma imagem muito pequena de Deus. Ele é onipotente, onisciente. Ele está no controle, do universo ao átomo. Ele pode nos fazer perguntas como fez a Jó, e teremos que tapar nossa boca e dizer: “Sim, o Senhor sabe como fazer tudo”.
O QUE É O PODER DE DEUS?
Vimos alguns simples exemplos da grandeza de Deus na natureza. Eles chamam a nossa atenção, como diz em Romanos 1, porém mais interessante ainda, é o fato de que a essência do poder e da grandeza de Deus estão por toda parte.
Você se lembra quando Elias fugiu de Jezabel e passou 40 dias no Monte Horebe, no Sinai. Elias deve ter se lembrado das histórias sobre o grande poder natural de Deus manifesto ali quando o Decálogo foi dado. Deus veio e conversou com Elias, e alguns eventos naturais incríveis ocorreram mais uma vez: um vento, um terremoto, um fogo. Mas Deus disse que não estava neles. Finalmente, onde estava Deus? “Em uma voz mansa e delicada” (I Reis 19:11-12, RC).
Então, o que é este poder? É o poder que pode virar o mundo de cabeça para baixo. Paulo diz em Romanos (1:16), que o evangelho de Cristo é o poder de Deus para a salvação. Infelizmente, menciona também que “nos últimos dias”, o homem terá a “forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes” (1 Tm 3:5). É o poder do evangelho de Cristo que muda vidas, o que as pessoas estão buscando, e que pode tão facilmente ser substituído por uma forma.
O livro Sonhos de uma Teoria Final de Steven Weinberg. 1992 (prêmio Nobel em física).
O livro descreve como seria uma teoria final em física, e que forma poderia tomar. Perto do final Weinberg inclui um capítulo intitulado “What About God?” (E Quanto a Deus?) Essa teoria final de tudo incluiria a Deus?
Weinberg diz que “a única maneira de qualquer tipo de ciência prosseguir é assumir que não existe intervenção alguma de Deus” (p. 247). E já que a ciência tem alcançado tanto sucesso usando esta suposição, a suposição deve estar correta. Portanto “existe uma incompatibilidade entre a teoria naturalística da evolução e a religião conforme é normalmente compreendida” (p. 248). A religião surgiu “no coração daqueles que ansiavam por contínua intervenção de um Deus interessado” (p. 248).
Weinberg gostaria de crer em um planejador, mas este planejador também teria que ser responsável pelo sofrimento e pelo mal (p. 250). Gostaria de encontrar evidências de um criador preocupado na natureza, sinto, porém, “tristeza em duvidar que as encontraremos” (p. 256). Ele acredita “que a ciência jamais proverá os consolos que foram oferecidos pela religião em face da morte” (p. 260). A religião provê sentido e esperança, mas por essas mesmas razões parece ser “indelevelmente marcada com um selo de criação ilusória” (p. 255).
A minha reação é a seguinte: a ciência fez bem em mecanicamente explicar o mundo natural, com uma necessidade cada vez menor de invocar um deus para as brechas até que seu uso tenha caído em descrédito. Mas ela deixou a humanidade com um mecanismo de relógio que não provê coisa alguma ao espírito humano, e raramente leva à crença em um Deus pessoal. Desdita é a igreja se ela provê nada mais do que a ciência para as necessidades básicas do ser humano, e de igual modo, se apenas provê regras, crenças, doutrinas, e rituais, e se não provê a preocupação de um amigo ou de um Deus pessoal que se importa.
O mal no mundo pode ser explicado filosoficamente por um Deus que fez criaturas com livre-arbítrio para que pudessem amar, mas quando o mal afeta diretamente a vida da pessoa a única resposta pode vir de um amigo que pode se simpatizar, ou um Deus pessoal que compreende. Um propósito na vida requer o toque pessoal, fazendo diferença na vida de outra pessoa.
Weinberg sente essa necessidade pessoal, mas infelizmente não vê solução na religião. Talvez tenha visto apenas a forma de piedade, mas não o poder. As maravilhas da natureza inspiram admiração, e isto é bom e importante, porém, é preciso muito mais para uma pessoa dar o poder do evangelho de Cristo.
Testemunhando
Há vários anos visitei Moscou para trabalhar em um experimento físico nuclear em um acelerador perto dali. No processo fiz amizade com uma senhora, que por muitos anos, havia trabalhado como física nuclear teórica na Moscow State University; A melhor universidade em Moscou.
Por várias vezes, ela demonstrou interesse em minha fé; perguntou sobre a famosa horta do Zaokski Adventist Seminary; foi a uma igreja adventista em Moscou, e conhece um pouco sobre a nossa crença. Quanto tomava refeições em seu apartamento, ela sempre se preocupava em me oferecer chá de ervas.
A última vez que a visitei, o Dr. John Baldwin do Seminário da Andrews estava junto. Durante nossa conversa, ela nos perguntou sobre a questão do sofrimento. Eu estava pronto para contar a ela um pouco da história do Grande Conflito, de Deus querendo criaturas livres para amá-Lo, de Lúcifer escolhendo não amá-Lo, e do resultado. Mas antes que começasse falar, ela disse: “Eu já sei sobre o anjo caído”. Mas aquilo não a satisfez.
Ao pensar sobre esta experiência agora, percebo porque não a satisfez. A filosofia é boa para responder perguntas filosóficas. Aquela resposta foi boa para mim. Que dor eu tenho experimentado? Mas para ela que viveu muitos anos de opressão comunista, e que na época que eu estava lá, lutava para cuidar do seu esposo que recém tivera um ataque cardíaco, filosofia não era o suficiente. Seu esposo não precisaria ter tido um ataque cardíaco. Os médicos sabiam de seu problema de coração e do risco de um ataque cardíaco, mas não havia nitroglicerina disponível. Apenas quando ele teve o ataque, é que o levaram ao hospital e providenciaram algum tratamento. Que sofrimento sem sentido.
O que ela precisava não era doutrina, mas de conhecer um Deus pessoal e amoroso, de um Cristo que sofreu juntamente conosco na terra, que conhece nossas tristezas, bem como nossas alegrias. Ela precisava de um toque pessoal de outra pessoa que estava sofrendo como ela estava. Eu não podia oferecer aquilo! Eu não tinha tido a experiência.
CONCLUSÃO
Gostaria de encerrar com a bela introdução do apóstolo João ao seu evangelho. Ele descreve Deus como o Cristo pessoal:
… o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. (v.14)
E o que diz sobre o poder de Deus e sobre o que faz por nós?
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; (v.12)
Ao observarmos o poder de Deus na natureza lembremos do poder de Deus que podemos experimentar em nossa própria vida, para nos tornar Seus filhos. Não um poder para argumentar um ponto de vista específico, na ciência ou teologia, mas um poder para cuidar daqueles com quem entramos contato. Não uma forma de piedade, mas o poder do Evangelho de Jesus Cristo.